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"o que aprendi com a fibromialgia"

Uma de nossas pacientes publicou este relato no Jornal da Associação de Fibromiálgicos [L'Info-Fibro Estien, Volume 4, no 2, Été 2006 - Versão original em Francês, Autora Aline Dumont, Tradução Juliana Barcellos de Souza.




"A fibromialgia me ensina

a ir mais lentamente,
a viver o presente
a me conhecer melhor.


Bom dia a todas e todos

Tenho o prazer de dividir com vocês algumas das lições de vida que a Fibromialgia (FM) me ensinou. Após muitos anos de questionamentos sobre as dores tenazes, exames médicos que não apresentavam nada, após o incrível medo de enlouquecer... enfim um diagnóstico: Senhora, você sofre de FM. Eu nada posso fazer pela senhora. E o médico sai do consultório de salto alto. Siderada, pregada à cadeira, a cólera e as lágrimas me dominam. Se um especialista não pode fazer nada por mim, só pode ser porque ele não acredita que eu tenha dores, ele acha que eu tenho uma dor imaginária sem credibilidade alguma para o médico. Então serei uma daquelas pessoas que se lê nas revistas "a dor está dentro da sua cabeça". Recomponho-me e parto, ou melhor fujo do consultório para me esconder em casa, me revoltar em casa. As lágrimas me invadem e duram vários dias, um sentimento de fracasso e incapacidade habita cada poro da minha pele. Minha vida acabou. Deprimo.

Após alguns dias, me recomponho e volto a ser combativa. Ao menos agora eu tenho um diagnóstico preciso. Eu hei de encontrar alguém que irá me ajudar! No meio médico me deparo com um sentimento que eu chamaria de negligência da doença! Desculpe! Esta Síndrome - dizem-me como se esta palavra tornasse minha vida mais difícil - as dores falsas e as dores que estão "entre minhas duas orelhas, o que para mim mais parece uma doença mental. Não Senhora, não existe isto que você descreve, como você deseja que eu classifique isto? Desde então aprendi a traçar meu caminho face a estas pessoas, sejam elas amigos, família ou conhecidos.

Cada dia a FM me ensina algo sobre eu mesma, aprendo a calar esta urgência que vive dentro de mim e alimenta minha ansiedade. A FM me ensina a avançar lentamente, a viver cada instante presente pois eu posso até planejar um compromisso daqui a duas semanas, mas que disse que serei capaz de comparecer... Também aprendo a ter uma consistência aguda do meu corpo, minhas carências e meus limites. Negligenciei minhas dores durante anos, vivia com se elas não estivessem ali... e isso desencadeou vários problemas: físicos, emocionais, espirituais e mentais. Quando cheguei ao fundo do poço, coloquei meus pés no chão e decidi mudar a minha vida. Procurei me informais mais sobre a FM junto da Associação de fibromiálgicos da minha região, uma médica realmente excepcional - que ouve e cuida de seus pacientes - me ajudou a recolocou no eixo (nos trilhos) de minha vida em todos os sentidos. Eu lhe sou muito grata e meu caminho continua.

Claro, a École de la Fibromyalgie Escola de Fibromialgia. Me considero privilegiada por ter participado desta pesquisa. Uma equipe dedicada ao estudo da dor crônica, dedicada a nos explicar o como, o porquê e sobretudo de nos ajudar a desenvolver técnicas para que nós mesmas possamos aliviar nossos sintomas em casa. Obrigada e parabéns a toda a equipe! O programa foi realmente bem pensado, sob todos os ângulos. Claro, meu coração bate mais forte por Juliana, esta profissional brasileira, tão humana e ao mesmo tempo... tão determinada a nos ensinar como podemos nos ajudar, nós mesmas, durante e após a Escola. Todos colocaram muita energia para nos ajudar. Depois de alguns meses, a rotina de exercício fazia parte do nosso quotidiano e eu me executo porque aceite também ser avaliada várias vezes para a pesquisa.

Eu acredito fortemente que se estes profissionais trabalham a partir do que eles são, de sua filosofia de vida - pois eu não acredito que possa-se ensinar aos outros estratégias as quais nós mesmo não aderimos! Então eles se dedicaram para nos ajudar, eu faço a minha parte e me esforço para me manter motivada.

Obrigada pela preciosa ajuda em meu quotidiano com esta dor cr6onica, insidiosa, sem piedade e quase sem pausas.

Aline Dumont,
Sherbrooke."



Comentários

  1. Qeu lindo esse depoimento,como eu gostaria de encontrar, alguem que podesse me ajudar, sofro a muito de FM,

    beijos!!!!!!!!!!!!

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